segunda-feira, 31 de maio de 2010

LEMBRANÇAS


Fui revirar o baú, a procura da minha certidão de nascimento.
Achei de tudo, menos ela...
Coisas que eu nem lembrava mais e que mexi há pouco tempo.
Coisas que trouxe da casa da minha mãe, quando desocupei-a.
São fotos dos meus avós, do casamento dela com meu pai, de gente que nem conheço.
E as certidões dos meus dois irmãos (sim, eu tive irmãos), e a minha, nada...
Fui reler isso tudo e fiquei mais deprê do que já estava.
Minha irmã seria um ano mais nova que eu, nascida no final de julho.
Sobreviveu por doze horas... Mas não encontrei o óbito dela.
O que me chamou a atenção foi a cor na certidão dela: eu e meu irmão, somos pardos (eu não sou papel de embrulhoooooooooo !!!!!!!!!!!!!) e ela, consta como branca.
Foi o suficiente pra eu viajar.
Será que era branca mesmo, ou puseram assim, por que meu pai que era branco, que foi registrar ???
E se fosse branca mesmo, será que eu teria ciúmes dela por conta disso ?
Já pensou, ela de cabelo liso ???? rsrsrs
Será que seríamos amigas ?
Essas são perguntas que há muito não me fazia e que me voltaram hoje com força total.
Meu irmão já nasceu morto...
Imagino o sofrimento da minha mãe, ao dar a luz a um feto morto de nove meses, parto normal.
Eu abria os envelopes e as pastas e o passado me dava uma lufada na cara.
Os papéis ainda tem o cheiro da casa da minha mãe.
Peguei contas dela do final do ano passado e tive a consciência de como a vida é fugaz, de como as coisas mudam de uma hora para outra.
Dia desses, ela estava casando, linda e cheia de vida.
E agora, numa casa geriátrica, velhinha e com a memória bem curta.
E por falar em curta, todos dizem que a vida o é.
Não sei se é bem assim.
Talvez digamos isso, por passar muito tempo adormecidos, ou talvez até mortos.
Em vida.
(Recebi isso em um email, que não vou lembrar de quem é.)

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